sábado, 19 de julho de 2014

O vagão exclusivo em SP sob uma perspectiva feminista classista

Nos últimos dias está em destaque o debate sobre o tema da implantação dos vagões exclusivos para mulheres no metrô de São Paulo. Desde o ano passado o MML se posicionou favorável a essa política, posicionamento este que foi votado no 1º Encontro Nacional do MML composto por mais de 2000 mulheres trabalhadoras e da juventude, algumas delas representando outros espaços e coletivos feministas. Nas resoluções deste encontro aprovamos um programa para o transporte coletivo que abrangia a defesa dos vagões exclusivos, enquanto uma medida protetiva imediata a qual sabemos que não é auto-suficiente para resolver o problema do assédio e do machismo vivido pelas mulheres no transporte público. Essas resoluções podem ser encontradas no blog do MML.
 


O Descaso dos Governos e a pressão dos movimentos sociais

O fato é que as mulheres que são vítimas do assédio no metrô, são as mesmas vítimas de assédio nos ônibus lotados, são as que correm risco de serem estupradas no caminho de casa para o trabalho ou estudo porque estão nas periferias da cidade, sem segurança ou iluminação pública em seus bairros. Não por outro motivo, em recente pesquisa do Datafolha 73% dos paulistanos se colocaram a favor da medida de criação dos vagões exclusivos.
Nós mulheres do MML-SP prezamos o feminismo classista. Por isso, combinado com a luta ideológica de combate ao machismo, também lutamos e defendermos medidas imediatas que atendam pautas do cotidiano das mulheres trabalhadoras. Sabemos que o projeto de Lei aprovado na assembleia legislativa de São Paulo, só foi pautado nesta casa devido a pressão dos movimentos feministas que denunciaram os alarmantes índices de assédio e estupro que vinham acontecendo no metrô desta cidade. Inclusive nós, do Movimento Mulheres em Luta, tocamos a campanha “Não me encoxa, que eu não te furo” na qual entregamos alfinetes e panfletos com nosso programa de combate a violência para as mulheres nas estações. O objetivo da campanha era justamente denunciar a falta de política pública do Governo do estado para proteger as mulheres e sua postura de incentivar a prática do “xaveco” no trem lotado, em propaganda de rádio.
Por isso, não temos nenhuma ilusão de que essa medida aprovada tem a ver com a preocupação dos parlamentares com a situação vivida pelas mulheres, mas sim é uma resposta a pressão feita pelos movimentos sociais, logo é uma conquista das mulheres trabalhadoras. Porém, mesmo sendo uma conquista ainda é bastante limitada, pois o projeto visa apenas a disponibilidade de um vagão em cada composição e não funcionará nos finais de semana e feriado.

Um vagão não resolve, vem mais luta por ai!

As mulheres são 58% dos usuários do metrô, logo um vagão será completamente insuficiente, da mesma forma que todos sabem que as condições de superlotação do metrô não ocorrem apenas em horários de pico, tão pouco apenas nos dias de semana. Por isso, seguiremos exigindo um projeto consequente para combater a violência contra as mulheres, que passa por atingir todos os meios de transporte da cidade, incluir campanhas de conscientização acerca do problema do assédio as mulheres e do machismo, com fiscalização firme e punição aos assediadores. Exigimos ainda suporte jurídico e atendimento psicossocial paras as mulheres vítimas deste tipo de violência. Além disso, é necessário ampliar a frota e garantir um serviço de transporte público, gratuito e de qualidade para a população em geral, em especial para as mulheres. Por isso, exigimos a aplicação de, pelo menos, 2% do PIB no setor.
Como podemos perceber nossa luta não acaba aqui. Pelo contrário, avaliamos que na sociedade capitalista as demandas das mulheres trabalhadoras não são levadas a sério pelos governos, nem é interesse acabar com o machismo, visto que este contribui com a super-exploração das mulheres e da classe trabalhadora em geral. Nesse sentido seguiremos lutando pelas medidas imediatas, que são direitos nossos, mas travaremos uma batalha incansável para superar o capitalismo e construir uma sociedade em que não exista machismo e que as mulheres sejam verdadeiramente livres.

- Vagão exclusivo para mulheres proporcional ao número de usuárias!
- Suporte jurídico e psicossocial para as vítimas de assédio no transporte coletivo!
- Punição aos agressores!
- Que os governos Federal, estadual e Municipal garantam uma campanha contra o assédio sexual no transporte!
- 2% do PIB para o transporte público

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