segunda-feira, 24 de junho de 2013

LUGAR DE MULHER TRABALHADORA É NA LUTA!

O país está sacudindo. No lugar dos carros, manifestantes ocupam as ruas em inúmeras cidades.  A juventude se ergueu,  foi às ruas, enfrentou a fúria dos governantes e da polícia, sem  baixar a cabeça. Junto a eles, muitos de nós nos somamos e a luta foi tão forte que obrigou os governos  a reduzir as tarifas do transporte.

Mas o povo não parou por aí. A mobilização continua e para ser vitoriosa precisa da presença da classe trabalhadora.  Nós, mulheres trabalhadoras, precisamos ir às ruas, mostrar que nosso lugar é na luta! Motivos não nos faltam.

Os metrôs, ônibus  e trens lotados são espaço para o assédio sexual e estupro.  A comida e a vida estão mais caras. O salário permanece o mesmo, mas os preços aumentam. Muitas de nós estamos endividadas e não conseguimos sequer chegar ao fim do mês sem fazer bicos ou horas-extras.

A falta de estrutura dos hospitais públicos é um drama. Não tem aflição maior do que ver um filho doente e não ter onde recorrer. A falta de creches impede o acesso das nossas crianças à educação e é um obstáculo para que possamos trabalhar.

Os deputados querem que  aceitemos o bolsa-estupro,  um dinheiro para as mulheres  que ficam grávidas de estupradores, contra sua vontade, não abortem. Abram mão de um direito garantido em lei. E o Feliciano, que é o responsável  pela comissão de direitos humanos, quer transformar o homossexuais em doentes.

Nenhum governo concedeu nossos direitos sem luta. Nem Fernando Henrique (PSDB) nem DILMA (PT).  E as lutas só foram vitoriosas porque foram feitas por todos. Nós somos a metade da classe trabalhadora deste  país e não podemos nos calar.  É hora de nos somarmos e cobramos  nossos direitos.

No próximo dia 27 de junho, sindicatos, os movimentos e os partidos da classe trabalhadora  organizarão greves, paralisações e atos em todos os cantos do país.

No dia 27, todos e todas às ruas! Construir e fortalecer as manifestações!

- Pelo aumento geral dos salários e congelamento dos preços!
- Chega de violência contra as mulheres nos transportes públicos!
- Mais investimentos públicos para a construção de mais linhas de trens, metrôs e ônibus nas cidades brasileiras!
- Não à Bolsa Estupro! Não ao Estatuto do Nascituro! Veta, Dilma!
- Fora Feliciano! Contra o retrocesso da "Cura Gay"!
- Queremos investimentos nos programas de combate à violência!
- Pela implementação e ampliação da Lei Maria da Penha!
- Queremos creches públicas, gratuitas e de qualidade! 10% do PIB para a Educação Pública Já!
- Queremos hospitais "padrão Fifa"! 6% do PIB para a Saúde Pública Já!
- Pelo fim do machismo, racismo e a homofobia! Pelo  fim da exploração!

Você já sofreu assédio sexual no transporte público?

Não é só por 0,20 centavos...


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Vitória das mobilizações nas ruas!

No dia 19, Haddad e Alckmin anunciaram a revogação do aumento das passagens de ônibus, trens e metrôs em São Paulo e a partir de 2ª feira, as passagens voltam a custar 3 reais. Esse anúncio veio após o anúncio das revogações em muitos outros estados, como Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, além de outras cidades.

A luta contra o aumento das passagens destampou uma insatisfação crescente em toda a população brasileira, com o aumento do custo de vida, com o caos nos serviços públicos básicos e fundamentais, como Saúde, Educação e Transporte. O contraste dessa situação com os gastos públicos alarmantes com a construção dos estádios da Copa gerou uma grande insatisfação que agora se expressa com mobilização e muita gente nas ruas. Para hoje, estão prometidas mais de 100 manifestações em todo o país.

Dessa forma, as manifestações estão muito maiores do que apenas as reivindicações pela revogação dos aumentos das passagens de ônibus pelo país. Agora, precisamos aproveitar esse novo momento político para avançar em conquistas. 

Nós, mulheres trabalhadoras, temos muitos pelo o que lutar. A violência segue sendo um grande problema em nossas vidas, o assédio sexual e o estupro dentro dos transportes públicos, que são consequência da superlotação e da insuficiência das linhas de trens, metrôs e ônibus, ainda segue sendo motivo para estarmos nas ruas.

O Estatuto do Nascituro, um projeto que é um verdadeiro retrocesso no que diz respeito aos direitos reprodutivos das mulheres, é uma balização da violência sexual e amplia a criminalização das mulheres. Por isso também, precisamos seguir nas ruas, para que esse projeto seja retirado de tramitação o mais rápido possível.

Em meio a essa nova conjuntura, também precisamos retomar a luta pela saída de Marco Feliciano da presidência da Câmara dos Deputados. Além de todas suas declarações e ataques machistas, racistas e homofóbicos, ele acaba de aprovar nessa mesma Comissão, um projeto que se propõe à cura da homossexualidade, um verdadeiro absurdo, que deve nos mover para estarmos nas ruas.

Também precisamos lutar por mais recursos para os programas de combate à violência, assim como pela ampliação e implementação da Lei Maria da Penha. A batalha para que o governo Dilma reveja suas prioridades e invista em Saúde e Educação com muito mais ênfase do que investiu nos estádios da Copa é também uma luta que tem uma repercussão importante para as mulheres trabalhadoras, que precisam de creches públicas, gratuitas e de qualidade, assim como de melhorias significativas no atendimento médico especializado às mulheres.

Para que essas lutas tomem ainda mais corpo, ganhem mais força, é muito importante envolver mais setores sociais do país nas mobilizações, precisamos colocar a classe trabalhadora em movimento, junto com a gloriosa juventude que se manifesta e realiza grandes mobilizações pelo país. Precisamos discutir nas bases dos sindicatos, das organizações de bairro a importância de estarmos nessas mobilizações, como uma forma de elas terem uma continuidade efetiva, aonde toda a mobilização esteja a serviço de uma transformação real da sociedade, que favoreça o lado da classe trabalhadora.

Para isso, é muito importante que as organizações da classe estejam presentes: os sindicatos, as Centrais Sindicais, os partidos políticos que estão ao lado das lutas. Não podemos deixar que os grupos reacionários que tentam sequestrar toda essa manifestação em favor de demandas estranhas à classe trabalhadora ganhem a disputa sobre a presença das organizações políticas e sindicais nas manifestações. Essas organizações realizam manifestações mesmo nos momentos mais difíceis, em que há poucas adesões às mobilizações. Portanto, neste momento, precisamos unir e fortalecer.

- Todos e todas às ruas! Construir e fortalecer as manifestações!
- Chega de violência contra as mulheres nos transportes públicos! 
- Mais investimentos públicos para a construção de mais linhas de trens, metrôs e ônibus nas cidades brasileiras!
- Não ao Estatuto do Nascituro! Veta, Dilma!
- Fora Feliciano! Contra o retrocesso da "Cura Gay"!
- Queremos investimentos nos programas de combate à violência!
- Pela implementação e ampliação da Lei Maria da Penha!
- Queremos creches públicas, gratuitas e de qualidade! 10% do PIB para a Educação Pública Já!
- Queremos hospitais "padrão Fifa"! 6% do PIB para a Saúde Pública Já!  

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Todo apoio à luta contra o aumento das passagens!

Tá tudo muito caro... e 3,20 é um assalto!

As manifestações contra o aumento da passagem em São Paulo, e em outras capitais do país, estão mostrando a indignação de jovens trabalhadores e estudantes com o aumento do custo de vida no país. Os preços não param de subir e os serviços públicos essenciais que devem ser garantidos pelo Estado estão cada vez piores. O transporte público está vez cada vez mais caro e sua qualidade piora a cada dia. Estamos nas ruas porque não aceitamos esse aumento abusivo e porque queremos o passe livre para jovens e desempregados, assim como queremos mais linhas de trens, ônibus e metrô.
O governo estadual de Alckmin do PSDB desenvolve cada vez mais projetos de privatização da expansão do metrô, através das PPP’s, como fez com a Linha 4 Amarela. O governo federal de Dilma Roussef do PT também atua com essa mesma lógica, e privatizou portos, aeroportos e rodovias. A privatização faz com que as empresas só busquem seus lucros e para isso precisam diminuir a qualidade dos serviços e aumentar o preço das passagens. Haddad do PT na Prefeitura de São Paulo também prioriza os lucros das empresas de ônibus e aumenta o preço da passagem. Mas, “o povo acordou”... e não vamos deixar passar esse aumento!

Protestar não é crime! Diga NÃO à repressão policial!
O último grande ato contra o aumento das passagens deixou claro que a polícia, comandada por Alckmin e Haddad, está sendo intolerante e violenta e, dessa forma, restringindo o direito democrático de manifestação. As imagens do ato demonstram que os manifestantes estavam com flores, com faixas “sem violência”. Muita gente lutou contra a ditadura militar no Brasil, para que o direito de manifestação fosse garantido. O governo do PSDB já demonstrou com outros episódios, como o Pinheirinho, que a repressão é parte de seu governo. O governo do PT está revelando que faz o mesmo. Isso é um verdadeiro absurdo e nos indigna ainda mais! Também por isso, seguimos nas ruas!

NÃO À REPRESSÃO DA POLÍCIA! PELO DIREITO DE MANIFESTAÇÃO DA POPULAÇÃO!

Chega de Sufoco!
Basta de violência contra as mulheres!

A superlotação dos transportes públicos também cria situações extremamente constrangedoras para as mulheres trabalhadoras que precisam frequentar os ônibus, trens e metrôs lotados de manhã e a noite, na ida e na volta do trabalho. Infelizmente, o machismo estimula homens a se aproveitar dessa situação para assediar, abusar e até mesmo estuprar as mulheres.
Situações como essa são vistas e denunciadas quase todos os dias. Muitas vezes, as mulheres não relatam o que sofreram, por vergonha e medo de ser culpabilizada pela situação. A maior parte das pessoas que frequentam os transportes públicos no Brasil são mulheres, por isso, somos nós as maiores prejudicadas com o caos e a superlotação.
Em 2011, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, organizou uma campanha contra essa forma de violência dentro dos trens e denunciou o quadro do programa Zorra Total, que tratava essa triste realidade como piada. Fruto dessa luta, conquistou-se a reivindicação de realizar uma campanha de conscientização da TV Minuto do metrô contra o assédio e a violência.Estamos nas ruas contra o aumento das passagens e também por qualidade nos transportes públicos, para acabar essa forma de violência contra as mulheres! 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Estatuto do Nascituro: banalização da violência e criminalização das mulheres

Camila Lisboa, da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas

No dia 5 de junho, a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 478/07, que institui o Estatuto do Nascituro. Este projeto é de autoria dos deputados Luis Bassuma (PV – BA, mas na época da elaboração do projeto era do PT) e Miguel Martini (PHS – MG). Com essa aprovação, milhares de pessoas começaram a se articular pelas redes sociais em protesto ao Estatuto do Nascituro e no dia 15 de Junho, vão ocorrer atos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília. 

O Estatuto do Nascituro institui direitos civis aos fetos, que estão dentro da barriga da mãe. Para então fazer valer esse direito, esse projeto entra em contradição com diversos artigos do Código Penal vigente, fazendo retroceder as poucas conquistas que já existem em relação ao direito de escolha da mulher decidir ser ou não ser mãe.

Bolsa estupro e criminalização das mulheres
Um dos artigos mais polêmicos do Estatuto do Nascituro é o que diz respeito à instituição de uma Bolsa para as mulheres que ficarem grávidas em decorrência de violência sexual. O Artigo 128 do Código Penal prevê que não se pune o aborto realizado por médico em caso de estupro. A presença deste artigo no Código Penal é uma segurança para as mulheres, afinal a obrigação de se levar uma gravidez consequente de um caso de estupro é obrigar as mulheres a carregarem a lembrança de um trauma para o resto da vida. Toda mulher que quer ser mãe não deseja associar essa experiência a um terrível trauma.

Entretanto, com o Estatuto do Nascituro em vigor, as mulheres não mais poderiam recorrer ao aborto nesses casos de violência, pois os direitos concebidos ao feto por este Estatuto não permitiriam. Aqui, demonstra-se uma opção do projeto em preservar a vida do feto, em detrimento da vida da mãe, que sofreu a violência. Mas os problemas não param por aí.

O artigo 13 do Estatuto do Nascituro prevê a concessão de toda forma de assistência à mãe que não abortar a criança gerada pelo ato sexual violento. Todas essas concessões são orientadas pela premissa de que a mulher não deve abortar. Para isso, são propostas medidas de assistência e uma pensão alimentícia equivalente a 1 salário mínimo, a ser paga até os 18 anos do filho/a. Essa pensão deverá ser paga pelo estuprador (o pai da criança), e caso não seja identificado, deverá ser paga pelo Estado.

É melhor estuprar do que abortar?
Aqui, acreditamos que há uma inversão de valores completa. O Estatuto elabora medidas para tratar o aborto como crime, mas se priva de apontar que o maior crime ocorrido foi a violência contra a mulher, a agressão sexual que impôs para as mulheres a necessidade de decisão sobre a interrupção da gravidez. Há uma banalização desse crime, em nome de tratar como criminosa a mulher que naturalmente gostaria de interromper uma gravidez oriunda de um estupro.

É absolutamente necessário que todas as mulheres que passam por situações de violência, física ou sexual, recebam apoio social e até mesmo financeiro do Estado, mas não pela condição de terem sido estupradas. É por isso que esse projeto ficou popularmente conhecido como Bolsa Estupro. Não é um projeto que parte de uma preocupação com as mulheres que são estupradas, mas um projeto cuja preocupação central é evitar que as mulheres resolvam abortar, mesmo aquelas que ficaram grávidas após uma relação sexual não consentida.

“É vedado ao Estado e aos particulares causar qualquer dano ao nascituro em razão de um ato delituoso cometido por algum de seus genitores” (Artigo 12 do Estatuto do Nascituro).
Nesse sentido, esse Projeto de Lei não tem nenhuma interface com as conquistas da Lei Maria da Penha, em que a agressão física, sexual, psicológica, verbal ganharam uma tipificação particular, com penas e medidas mais severas sobre os agressores. Pela lógica do Estatuto do Nascituro, um trauma de violência sexual é resolvido com a garantia de assistência social e financeira à mulher. E o estuprador, o verdadeiro criminoso, sequer é abordado como criminoso pelo mesmo Estatuto. 

Estímulo ao estupro e ataque às mulheres trabalhadoras
Em 4 anos, os casos de estupro cresceram 157% no Brasil. As vítimas desses casos são mulheres e o Estatuto do Nascituro desprotege as mulheres dessa realidade. Se há uma preocupação que os legisladores e governantes desse país devem ter é com o fim do estupro e não com o fim dos abortos realizados em decorrência do estupro. 

É importante dizer que os momentos e locais em que as mulheres estão mais submetidas a esse tipo de violência é no período noturno, horário em que milhares de mulheres voltam do trabalho. Andar a pé em ruas pouco iluminadas é situação propícia para viver este trauma. Os transportes públicos também tem sido ambiente para desenvolvimento dessa forma de violência. As vezes, na superlotação dos ônibus, trens e metrôs, mas também as vezes, nos últimos horários, em que o transporte coletivo está mais vazio. Foi assim o caso da jovem indiana, que foi estuprada no ônibus, e também algumas denúncias de tentativa de estupro no metrô de São Paulo.

As mulheres que precisam pegar ônibus lotado ou voltar para casa em ruas escuras são mulheres trabalhadoras, que vivem nas periferias das cidades brasileiras, que moram longe do seu trabalho, que não tem carro, muito menos segurança particular em seu condomínio. O Estatuto do Nascituro desprotege as mulheres que vivem essa realidade. 

Outros retrocessos
Ao buscar a garantia de todos os direitos civis ao feto, o Estatuto do Nascituro também entra em contradição com o Parágrafo I do Artigo 128 do Código Penal, que define que o aborto não é crime nos casos de risco de vida da mãe. A contradição também aparece ao tratar os casos dos fetos anencéfalos, condição de aborto permitida pela alteração que o Supremo Tribunal Federal votou no ano passado. Neste caso em particular, a contradição é promovida pelo artigo 9º, em que se proíbe qualquer interferência ao nascituro, independente da probabilidade de sobrevida. 

Confirmando a ideia de que o Estatuto do Nascituro banaliza a violência e criminaliza as mulheres, o artigo 30, nas disposições finais, enquadra o aborto como crime hediondo, na mesma categoria jurídica do estupro, homicídio, latrocínio, etc.

Defender a vida é legalizar o aborto
Apesar de o aborto ser legalizado na maioria dos países do mundo, ainda trata-se de um assunto muito polêmico no Brasil. Isso acontece porque em muitos casos, este tema é tratado como um assunto religioso. E essa relação está errada. O aborto é acima de tudo em caso de saúde pública.

Mais de 1 milhão de mulheres realizam abortos no Brasil. Dentre elas, a maior parte é católica, a segunda maior parte é evangélica e a terceira maior parte se diz sem religião. A maioria dessas mulheres que fazem abortos, já tem filhos. O estímulo a essas mulheres fazerem o aborto não foram suas crenças, sua Igreja ou uma opinião sobre quando a vida humana começa. O estímulo para a realização do aborto é a impossibilidade de cuidar, educar e sustentar um novo filho. 

Com certeza, há muitos colegas nossos do trabalho, da escola, do bairro que conhecem alguma mulher que já abortou, uma amiga, namorada, irmã, mãe, prima, etc. Mesmo que nossos colegas discordem de fazer aborto, a maioria não acha que essas mulheres que eles conhecem devam ser presas. Mas a lei sobre o aborto no Brasil diz que essas mulheres que conhecemos e convivemos devem ser presas. Achamos que isso não está certo, que essa lei está errada e deve mudar.

A experiência da legalização do aborto em Portugal, por exemplo, diminuiu a realização de abortos. E sabe por que isso aconteceu? Porque essa lei veio acompanhada de medidas educacionais para prevenir a gravidez e também de medidas para distribuição e orientação sobre métodos contraceptivos. 

Nos países em que o aborto é legalizado, a quantidade de mulheres mortas em decorrência do aborto diminuiu. No Brasil, mais de 200 mil mulheres morrem por ano, por consequência dos abortos feitos em péssimas condições. Com o aborto legalizado, essas mortes não aconteceriam. Com educação sexual para prevenir, as gravidezes indesejadas também não aconteceriam e a quantidade de abortos diminuiria.

Defender a legalização do aborto não obriga ninguém a repensar suas opções e crenças religiosas. Defender a legalização do aborto é um estímulo a pensar na vida das mulheres que morrem, um estímulo a pensar no direito de a mulher decidir sobre a maternidade. 

Veta Dilma!
O Estatuto do Nascituro está na contramão de avançar nesses direitos, na contramão dos avanços que ocorrem em muitos países do mundo em relação aos direitos reprodutivos das mulheres.

Esse projeto ainda está em tramitação. A presidenta Dilma tem o poder de vetar um grande retrocesso, que pode demarcar mais negativamente o governo da 1ª mulher a presidir o país em relação aos direitos das mulheres.

Desde a campanha eleitoral, em que a então candidata Dilma Roussef assegurou um compromisso de que não alteraria a legislação em relação ao aborto, os movimentos de mulheres no país vêm criticando sua postura diante deste tema. O que muitas organizações de mulheres não esperavam era que a legislação sofresse mais retrocessos. E com o Estatuto do Nascituro, esse perigo está em vigor.

No dia 8 de março, Dilma fez um pronunciamento assegurando seu compromisso com o combate à violência contra a mulher. Para fazer valer essas palavras, a presidenta precisa vetar o Estatuto do Nascituro. E precisa ir além. Precisa rever seus compromissos com a bancada conservadora do Congresso. 

Estaremos nos atos no dia 15 denunciando este ataque e exigindo mais investimentos em Saúde, Educação, moradia, assistência social, para que a violência contra a mulher deixe de ser uma realidade, pela punição dos agressores e estupradores e sobretudo, para que as mulheres deixem de morrer em função dos abortos clandestinos. 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Estatuto do Nascituro que pode dificultar realização de abortos legais é um retrocesso

Foi aprovado pela Comissão de Finanças, nesta quarta-feira (4), o “Estatuto do Nascituro”. Este projeto prevê que o feto tem direitos desde o momento em que é concebido.  Essa lei tem sido polêmica, pois ataca e pode dificultar a realização de abortos garantidos pela lei do Código Penal. Hoje, as mulheres podem abortar nos casos de estupro, fetos anencéfalos (sem cérebro) ou em casos de perigo para a vida da gestante.  

De acordo com o estatuto, a mulher vítima de estupro que engravidar ganhará uma bolsa auxílio para dar continuidade à gestação.  Essa ajuda de custo inclui despesas com o pré-natal e pensão alimentícia até 18 anos. Essa medida é proposta com o objetivo de retroceder nas garantias limitadas já presentes no Código Penal em vigor. Diferente do que parece, esse projeto de conceder uma bolsa às mulheres não está preocupado com as mulheres que engravidam por consequência da violência sexual, mas sim preocupado em retirar do Código Penal qualquer possibilidade de se realizar o aborto no Brasil.

A bolsa deve ser paga pelo genitor. Caso não seja identificado, ou se não tiver condições de pagar a pensão, quem deve arcar com o custo é o estado. O projeto prevê também que o feto “deficiente” terá todo o suporte para que seja revertido o quadro da deficiência, “haja ou não expectativa de sobrevida extra-uterina”.  Com isso, a gestante corre o risco de gerar um feto que pode nascer morto.

Caso a mãe não queria ficar com a criança após o nascimento, essa poderá ser entregue para adoção.
O projeto foi apresentado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com apoio da bancada evangélica e segue agora para análise da Comissão de Constituição e Justiça e o plenário da Câmara e, se aprovado, vai ao Senado. Um dia após ser aprovado na Comissão, um ato foi realizado em Brasília contra o aborto e o casamento homoafetivo.

Para a representante do Movimento Mulheres em Luta, Camila Lisboa, o Estatuto do Nascituro é um retrocesso, pois dá margem para que a lei do aborto, que já é limitada, sofra ainda mais restrições . “ No ano passado, tivemos um avanço na luta pela legalização do aborto no Brasil com a aprovação da medida para os casos de fetos anencéfalos. Neste ano, a declaração do Conselho Federal de Medicina também ajudou a avançar nesse debate e nessa luta. O Estatuto do Nascituro retrocede nessas conquistas e consolida uma abordagem retrógada e reacionária sobre o tema da legalização do aborto no Brasil. Além de refletir o tema a partir de visões religiosas, o que é errado em termos de política de Estado, ignora completamente uma realidade dada no país de que as mulheres abortam e pela ilegalidade desse procedimento, mais de 200 mil mulheres morrem”.

Camila destaca a importância de se avançar nos direitos da mulher e não de criar leis que dificultem ainda mais esse processo. Para ela a autonomia da mulher sobre seu corpo deve ser respeitada, neste sentido, avançar para descriminalizar o aborto se faz urgente. “Nos países em que o aborto foi legalizado, a mortalidade materna diminuiu e também a quantidade de abortos diminuiu. Não é verdade que legalizar o aborto é um passaporte aberto para que eles sejam feitos a todo o momento ou para que as mulheres façam relações sexuais sem proteção. Legalizar o aborto é apenas a possibilidade para que as mulheres que queiram fazer o aborto, possam fazer sem o risco de morrer. Lutamos por educação sexual e anticoncepcionais gratuitos para não abortar e aborto legal, seguro e gratuito para não morrer.”

terça-feira, 4 de junho de 2013

2º Congresso da ANEL é marcado pela luta contra o machismo, racismo e homofobia

Mesa sobre opressões no 2º Congresso da ANEL
No feriado de 30 de maio a 02 de junho, o Movimento Mulheres em Luta teve o prazer de participar do 2º Congresso da ANEL. Além de ser marcado pelo encaminhamento de lutas importantes, como a “Jornada de Lutas por Assistência Estudantil”, a campanha pelo “Passe Livre Já Brasil”, o Congresso fortaleceu a luta contra o preconceito e a discriminação.

Construído no marco de lutas importantes, como a greve das Universidades Federais do ano passado que conquistou, entre outras coisas, a construção de creches universitárias em algumas universidades; como a luta pelas cotas raciais; e a luta pelo “Fora Feliciano”, o Congresso foi um ponto de encontro dessas mobilizações. Somado a isso, o pequeno histórico da ANEL vem cacifando a entidade como uma organizadora do combate às opressões.

Por isso, a ANEL aglutina os grupos oprimidos da sociedade. Muitas mulheres, negros e LGBT’s estavam presentes no Congresso e animaram o Congresso o tempo todo, com palavras de ordem e canções que expressam o repúdio e a indignação a toda forma de preconceito. Mas a responsabilidade assumida pela ANEL nesse debate e nessa luta também permite que todos os estudantes, mulheres e homens, negros e brancos, LGBT’s e heterossexuais, se unam em torno da luta pela Educação e em torno da luta pelos direitos dos setores oprimidos da sociedade.

Um elementos fundamental da identificação da ANEL com essas lutas é o fato de abordá-las em um marco classista. Para ANEL, organizar as mulheres trabalhadoras e estudantes passa por se enfrentar também com governos e movimentos de mulheres que propagam a ideia de que na luta das mulheres não há diferenciação de classe.

Oficina sobre a violência contra as mulheres
O Movimento Mulheres em Luta participou de uma oficina sobre a violência contra as mulheres e da mesa geral sobre a luta contra as opressões. Tivemos o prazer de estar com Lola, do Blog “Escreva, Lola, Escreva”, que se tornou referência para aquelas meninas e mulheres que não aguentam mais a violência e ódio machista, expresso em dados tristes da realidade e também nas piadas e brincadeiras de péssimo gosto de alguns programas de humor, assim como nos trotes machistas que ocorrem nas universidades.

O Congresso encaminhou uma campanha contra os trotes machistas e também a luta por creches universitárias, com o objetivo de expressá-la em uma cartilha de mulheres da ANEL. O Convite para a participação dos estudantes no 1º Encontro Nacional do MML foi feito e foi encaminhado como tarefa da entidade.

A depender a animação das mulheres jovens, o 1º Encontro do MML também promete ser uma marca no combate ao machismo e na construção e fortalecimento de um movimento de mulheres classista e feminista.

Confira a matéria do blog da Lola sobre o Congresso da ANEL:


Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Chega da violência contra as mulheres!

Chega da violência contra as mulheres!